Mato Grosso tem 75 crianças aptas a adoção e 953 pais cadastrados; perfil buscado é entrave

Mato Grosso tem 75 crianças aptas a adoção e um total de 953 pessoas cadastradas com interesse em adotar. O juiz auxiliar da presidência do Tribunal de Justiça Túlio Duailibi afirmou que a disparidade se dá, em grande parte, pela falta de interesse das famílias no perfil apresentado pelas crianças disponíveis.

Neste sábado (25) é comemorado o Dia Nacional da Adoção. Na última semana, uma ação de visibilidade para a adoção tardia em Cuiabá causou polêmica internacional. A Associação Mato-grossense de Pesquisa e Apoio à Adoção (Ampara) e a Comissão de Infância e Juventude (CIJ) da OAB-MT realizaram um desfile com crianças e adolescentes entre quatro e 17 anos no Pantanal Shopping.

“Nós temos um número muito distante. Isso nos indica que existe um grupo de crianças que não se encaixam em um perfil buscado pelas famílias que buscam a adoção”, disse o magistrado.

Grande parcela das crianças adotadas tem no máximo três anos de idade. Aqueles com idade entre quatro e 17 anos acabam ficando por mais tempo nas instituições de amparo até, eventualmente, serem retiradas no sistema quando atingem a maioridade.

Jovens com necessidades especiais e irmãos, que não podem ser separados em caso de adoção, estão entre aqueles com menor procura pelas famílias adotivas.

“Acredito que toda essa polêmica, toda essa atenção em torno do tema, tem que servir para despertar o assunto, para que a sociedade sinta que merece uma atenção especial, que é necessário discutir como tratar esse tema”, avaliou o juiz.

Os casos de crianças que vão para os lares adotivos são de dois tipos: aqueles de entrega voluntária e aqueles em que houve destituição familiar por abusos, maus tratos ou violência. No segundo caso, a tendência é que os jovens já entrem no sistema com idade mais avançada e que todo o processo para destituição da família biológica leve ainda mais tempo, prejudicando as chances de as crianças serem acolhidas por uma nova família.

Duailibi ponderou que uma possível demora do Judiciário para resolução dos casos não teria papel preponderante na questão. “O tema da adoção não é algo que temos que levar em termos de morosidade, é um tema complexo. Existe todo um processo de convivência com a família, de preparação dos futuros pais para receber essa criança, que precisa ser levado em consideração”.

O juiz ainda defendeu que eventos como o desfile continuem a ser realizados e citou casos de Estados como Minas Gerais, Pernambuco, Espírito Santo e o Distrito Federal, que também buscam dar visibilidade à adoção tardia.

“O que temos conhecimento é que houve um desfile de crianças já adotadas ou aptas a adoção com seus padrinhos. Das 18 crianças que participaram do evento, 12 ou 13 já estavam adotadas. Ninguém estava carregando uma plaquinha dizendo que estava apta a adoção. É algo importante para trazer visibilidade para à adoção tardia. Não são só as crianças mais novas que têm que ser adotadas. Existem outros tipos de crianças e adolescentes que precisam ter uma família”, declarou o Duailibi.

Fonte: RD News

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