Hospitais receberam medicamentos falsificados, afirma delegado
O delegado da Polícia Federal Jorge Vinícius Gobira Nunes afirmou nesta quinta-feira (17) que clínicas e hospitais particulares e públicos em todo o País recebiam medicamentos comercializados de forma irregular, sendo que alguns deles ainda eram falsificados.
O esquema foi investigado na Operação Autoimune, deflagrada nesta quinta-feira (17) com mandados em Mato Grosso.
Ao todo o grupo movimentou nos últimos 10 meses o montante aproximado de R$ 4 milhões. As investigações culminaram em 32 mandados de busca e apreensão e um de prisão preventiva, do líder da organização. As ordens foram cumpridas em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
“A operação tem como foco estancar um problema de saúde pública, alguns desses medicamentos chegavam a clínicas e hospitais privados e públicos em todo o Brasil”, explicou o delegado, que coordena o setor de combate ao crime organizado da PF.
“Estamos falando de um esquema que foi montado para que houvesse a importação de medicamentos não só vedados pela Anvisa, mas também falsificados”, acrescentou o delegado Leonardo Rabello, chefe da Divisão de Repressão aos Crimes Fazendários da PF.
Segundo Gobira, algumas das substâncias comercializadas pelo grupo eram lícitas, no entanto não haviam sido devidamente auditadas. Outras, comprovadas por meio de perícia, eram falsificadas.
Os medicamentos, majoritariamente contendo o princípio ativo da imunoglobulina, eram importados de forma irregular de países como a Argentina e o Paraguai.
As encomendas eram trazidas até Campo Grande e de lá distribuídas para todo o País. Conforme as investigações, os medicamentos chegaram a pelo menos 17 estados, sendo 65 municípios vítimas do grupo criminoso.
“A investigação demonstrou que a partir de Cuiabá e Campo Grande os medicamentos chegavam em distribuidoras, também algumas sem autorização da Anvisa. Essas distribuidoras repassavam às clinicas e hospitais, alguns deles hospitais públicos”, explicou Gobira.
De acordo com o delegado Rabello, enquanto estudos da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que há cerca de 10% de medicamentos falsificados no Mundo, no Brasil esse número sobe para cerca de 30%.
Os crimes investigados são de contrabando, associação criminosa e o de comercialização de medicamentos falsificados, previsto no artigo 273 parágrafo primeiro do código penal.
Fonte: Mídia News