Por que o debate sobre equidade no acesso ao cuidado deve fazer parte da rotina no setor de saúde?

As desigualdades sociais em saúde no Brasil se intensificaram durante a pandemia de Covid-19, segundo uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgada em junho deste ano. Embora tenha se tornado ainda mais urgente por conta da crise sanitária, a discussão sobre equidade no acesso à saúde não é de hoje: o tema aparece na Declaração Universal…

Dentro da saúde, a equidade é conceito de direito e de justiça. Não é a mesma coisa que igualdade, porque não adianta ter o mesmo serviço para todos. Equidade é oferecer para a pessoa aquilo que ela realmente precisa naquele determinado momento”, explica Guilherme Schettino, diretor do Instituto Israelita de Responsabilidade Social (IIRS) do Einstein.

O Hospital Israelita Albert Einstein faz a gestão de dois hospitais públicos em São Paulo e um em Aparecida de Goiânia, além de várias unidades públicas na capital paulista, como UPA, UBS, AMA, CAPS e residências terapêuticas. “Levamos a eficiência de nossas operações para a saúde pública, contribuindo para que haja o melhor resultado possível, levando em conta o recurso financeiro disponível. Não importa por qual porta o paciente entre, ele vai ser atendido com qualidade, segurança e de forma humanizada. Isso tem ajudado na busca de equidade para a população desses locais”.

O conceito de equidade de acesso também entrou para as metas do Institute for Healthcare Improvement(IHI) – organização internacional sem fins lucrativos com mais de 30 anos de atuação – para melhorar o sistema de saúde. A estratégia proposta pelo IHI e adotada por serviços de saúde em todo o mundo está centrada em cinco pontos: a experiência do indivíduo em relação à assistência; a saúde das populações; o custo per capita dos cuidados de saúde; o cuidado com o profissional de saúde e a equidade na saúde.

O tema, incluindo os desafios para um sistema mais acessível, será um dos focos do debate proposto pelo IHI e o Hospital Israelita Albert Einstein na 7ª edição do Fórum Latino-Americano de Qualidade e Segurança na Saúde, que será realizada entre 12 e 15 de setembro em São Paulo. Sob o tema “Muito Além do ESG”, a ideia é que as lideranças de vários países da região presentes discutam como as empresas de saúde e os governos podem impulsionar as boas práticas sociais e ambientais e buscar oportunidades de parcerias para ações de sustentabilidade que vão além de suas fronteiras.

“Convidamos vários CEOs e stakeholders importantes para debater essas questões e vamos falar sobre saúde planetária. Daremos também espaço para os médicos que ainda estão em formação, que vão cuidar desses problemas e de todos nós no futuro. Será uma troca muito importante”, ressalta Miguel Cendoroglo, diretor superintendente médico e de serviços hospitalares do Einstein.

Em 2022, o fórum, que acontecerá pela primeira vez de forma híbrida (presencial e virtual), terá o novo Centro de Ensino e Pesquisa do Einstein como sede e espera receber mais de 8 mil pessoas de forma online, além de 2 mil participações presenciais. As inscrições para participar estão abertas e podem ser feitas pelo site do evento.

Atenção na rede pública

Há 20 anos atendendo junto ao Sistema Único de Saúde em São Paulo, o Einstein hoje tem uma ampla atuação na rede pública, fazendo, por exemplo, mais partos no SUS do que na rede privada. O mesmo ocorre com os transplantes, numa iniciativa que faz parte do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS) e inclui transplantes de fígado, rim, coração, pulmão e intestino, além de transplantes combinados e multiviscerais.

“Nós pegamos os casos mais complexos, aqueles que a rede pública não conseguiria cuidar de forma adequada. Os pacientes são encaminhados para os nossos hospitais e utilizamos os nossos centros de alta tecnologia e equipe altamente capacitada para oferecer o melhor cuidado. Mais de 90% dos transplantes realizados pelo Einstein são para o SUS. É um programa com resultados de sobrevida equivalentes aos melhores centros europeus e americanos”, conta Schettino.

Também dentro do PROADI-SUS, o Einstein atua em pequenas cidades da região norte do país, dando apoio aos médicos de atenção primária, disponibilizando especialistas para discutir casos e definir tratamentos de forma virtual. “Nesses locais, encaminhar pacientes a consultas com especialista pode ser muito complicado, então utilizamos a tecnologia para estar presente, mesmo que à distância, oferecendo um bom cuidado, com custos menores e acesso. Hoje são 158 pontos de telemedicina e o projeto tem funcionado muito bem”, afirma Schettino.

Fonte: Centro de Ensino e Pesquisa do Einstein receberá o fórum em 2022 / Foto: Fabio H. Mendes/E6 Imagens