POLÍCIA / OPERAÇÃO GANÂNCIA Quadrilha movimentou R$ 16 bilhões e tinha até criptomoeda própria
A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta quinta-feira, 7 de julho, uma operação para combater os crimes de extração e comércio ilegal de ouro, lavagem de dinheiro, organização criminosa e outros crimes em Rondônia e em outros cinco estados.
No total, 65 mandados judiciais, cinco de prisões preventivas e 60 de busca e apreensão foram cumpridos em Rondônia, Pará, Goiás, Rio de Janeiro, Acre e Mato Grosso.
Operação Ganância
A operação, batizada de ‘Ganância’, tem o objetivo de coibir a extração ilegal de ouro. Segundo a polícia, as investigações começaram em fevereiro de 2021, depois de uma denúncia envolvendo empresas ligadas ao ramo da saúde, com sede em Porto Velho.
As investigações revelaram que os recursos ilícitos injetados nas empresas eram provenientes do garimpo ilegal, praticado, pelo menos, desde 2012 pelos líderes da organização criminosa.
De acordo com a PF, foram identificados diversos meios de lavagem de dinheiro. Um dos principais modus operandi do grupo era criar um criptoativo (token) próprio de uma das empresas, “com a finalidade de justificar os valores advindos da extração ilegal do ouro nas empresas dos criminosos, como se fossem investimentos de terceiros interessados em receber dividendos”.
Durante as buscas, a polícia descobriu que entre 2019 e 2021, o grupo movimentou mais de R$ 16 bilhões. Estima-se ainda que o rendimento da empresa tenha sido de R$ 1,1 bilhão.
Segundo a polícia, o valor do impacto ambiental em apenas um dos garimpos identificados foi de cerca de R$ 300 milhões. Nessa área, os danos relativos à extração de ouro chega ao total de 212 campos de futebol.
A Justiça Federal deferiu o bloqueio, sequestro e o arresto dos bens móveis e imóveis dos investigados até o limite de R$ 2 bilhões.
Operações Simultâneas
Ainda nesta quinta (7), a Polícia Federal cumpriu 17 mandados de busca e apreensão no Acre, Goiás, Pará, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Os mandados foram expedidos pela Justiça Federal em Jundiaí (SP) e tem como alvo alguns servidores da Agência Nacional de Mineração do Pará.
A ação, batizada de ‘Golden Greed’, que ocorre em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU), é a segunda fase da ‘Operação Gold Rush’ e avança na investigação de organizações criminosas que atuam na extração e comércio ilegais de ouro no Pará.
Dezenas de veículos e máquinas utilizadas na extração de ouro, foram apreendidos pela PF, após determinação da Justiça.
A 2ª Vara Federal de Jundiaí (SP) também determinou o cumprimento de cinco mandados de busca e apreensão no Goiás e no Pará. A operação, denominada de ‘Comando’, teve como objetivo identificar organizações criminosas dedicadas ao tráfico internacional de drogas.
Segundo a PF, o grupo em questão adquiria grandes quantidades de cocaína na fronteira do Mato Grosso do Sul com o Paraguai e levava, em aeronaves privadas, para a região de Jundiaí (SP). Logo após a prisão do fornecedor de drogas do país vizinho, o local passou a ser utilizado para o transporte de ouro.
A polícia descobriu que o minério era transportado do Pará para São Paulo e durante as investigações, a polícia identificou pilotos, aeronaves, intermediários, mineradoras e seus proprietários envolvidos nas atividades ilícitas.