DENÚNCIA ”Meu orientador virou meu pior pesadelo”; alunos da UFMG denunciam abusos

Com relatos publicados nas redes sociais, estudantes de veterinária contam abusos psicológicos que sofreram na pós-graduação da UFMG

Fachada do prédio da Escola de Veterinária da UFMG. Muro verde, com gramado na frente.
Os relatos de abuso psicológico estão reunidos no instagram da clínica da UFMG(foto: Google Street View)

Estudantes residentes de uma clínica da escola de veterinária da UFMG denunciam abusos psicológicos de seus orientadores. Os relatos foram publicados nas redes sociais da clínica de pesquisa na quarta-feira (11/5) e os posts já contam com dezenas de comentários.

Uma residente da clínica de Patologia da Veterinária, que optou por conceder relatos em anônimo, conta que viveu os abusos durante a residência, em 2021. “Todo mundo tem medo dele, vivemos 60 horas semanais na UFMG com medo de ele ‘queimar’ os residentes para as clínicas veterinárias de Belo Horizonte”, conta uma das estudantes.
Joana* entrou na UFMG para a residência no início de 2020, e acabou sendo uma das “escolhidas” por esse professor. No começo, ela conta que observava como ele tratava um outro residente, sempre de forma muito grosseira e rude. Quando ele saiu, foi a sua vez de ser “marcada” pelo professor.

Captura de tela com foto de braço com catéter em maca de hospital. Imagem publicada em perfil de instagram
Uma das estudantes relata ter passado a tomar antidepressivos, ansiolíticos e remédio para dormir em decorrência dos abusos(foto: Arquivo)

“Teve uma aula online em que ele, durante a explicação de uma matéria, parou para falar de mim, em meio a professores convidados, e outros residentes, (Disse) que eu era extremamente infantil e imatura, e começou a rir”, narra Joana.

“Cheguei ao ponto da minha irmã precisar morar comigo, porque ela tinha medo que eu me matasse. Eu fui definhando. Ele minou minha autoestima e eu não sei nem mesmo se algum dia eu vou voltar a ser a pessoa que eu era antes de entrar para a residência.”

Ela passou a tomar antidepressivos, ansiolíticos e remédio para dormir. Além disso, chegou a fazer mais de 30 sessões de fisioterapia e foi diagnosticada com dores crônicas causadas por estresse e ansiedade. Por fim, conseguiu trocar de orientador, e precisou refazer grande parte do seu trabalho de pesquisa.

Captura de tela com diversos relatos de abuso. Imagem publicada em perfil de instagram
Relato de uma residente que acabou desistindo da pós-graduação com os abusos psicológicos(foto: Arquivo )

Um relato publicado no Instagram da clínica, escrito por outra residente, conta que o professor dizia que ela “não servia nem para servir cafezinho” e que “lugar de mulher é atrás do fogão”. A residente que fez o desabafo acabou desistindo da sua residência em função dos abusos psicológicos.

No início da tarde desta sexta-feira (13/5), a página que continha os relatos acabou sendo desativada no Instagram, e os estudantes afirmam que a situação se tornou “insustentável”.
Captura de tela com o anúncio da página sendo desativada
A página acabou sendo desativada nesta sexta-feira (13/5)(foto: Arquivo)

A Escola de Veterinária publicou uma nota de repúdio e incentivou os estudantes a denunciar na Ouvidoria da UFMG. “A Escola de Veterinária da UFMG não compactua com comportamentos abusivos e práticas de ensino que não estejam alicerçadas no respeito às pessoas, repudiando firmemente toda e qualquer forma de tratamento indigno e discriminatório”, diz a nota, publicada no Instagram da escola.

A reitoria da universidade ainda não se posicionou.
Fonte: Maria Paula Monteiro/Jociani Morais/Jornal Estado de Minas
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