Em negociações, Ucrânia propõe neutralidade e demanda garantias de segurança
Reuniões não alcançaram solução imediata, mas foram descritas como construtivas por ambos os lados
A Ucrânia esboçou uma proposta pela qual aceitaria um status neutro para o país, durante as negociações de cessar-fogo com a Rússia nesta terça-feira (29). As reuniões, realizadas em Istambul, na Turquia, não alcançaram solução imediata, mas foram descritas como construtivas por ambos os lados.
Após as conversas, autoridades ucranianas afirmaram que suas principais demandas incluíam garantias de segurança de Estados Unidos, Reino Unido, França, Turquia, Alemanha, Canadá, Polônia e Israel.
— Queremos um mecanismo internacional de garantias de segurança em que os países garantidores atuem de maneira semelhante ao artigo número cinco da Otan — disse o negociador ucraniano, David Arakhamia, referindo-se à promessa de defesa mútua da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
O conselheiro presidencial da Ucrânia, Mykhailo Podolyak, ressaltou que o acordo estaria sujeito a um referendo do povo ucraniano, bem como à aprovação dos países garantidores.
Podolyak revelou ainda que a Ucrânia ofereceu à Rússia um período de 15 anos de negociações sobre o status da Crimeia, que a Moscou anexou à força em 2014.
O negociador russo Vladimir Medinsky confirmou o recebimento das propostas, dizendo que seriam comunicadas a Moscou.
O vice-ministro da Defesa russo, Alexander Fomin, anunciou que a Rússia diminuirá significativamente suas atividades militares em torno de Kiev e Chernigov, ao norte da capital, a fim de aumentar a confiança durante as negociações.
Autoridades ucranianas, no entanto, disseram que as declarações da Rússia sobre redução das atividades militares não eram confiáveis e que Moscou parecia estar ganhando tempo para reforçar seus ataques no leste da Ucrânia.
Enquanto isso, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, intensificou suas críticas aos líderes ocidentais pela relutância em aumentar as sanções contra Rússia ou fornecer armas mais pesadas para a defesa da Ucrânia.
Zelensky, em um discurso televisionado nesta segunda-feira (28) pediu que sanções mais duras, incluindo um embargo às vendas de petróleo russo para a União Europeia, sejam implementadas imediatamente, em vez de esperar que Moscou intensifique seus ataques, por exemplo, usando armas químicas.
Já o presidente russo, Vladimir Putin, subordinou a “solução” da situação humanitária na cidade sitiada de Mariupol ao desarmamento de grupos “nacionalistas” ucranianos, informou o Kremlin.
Em uma conversa telefônica com o presidente francês, Emmanuel Macron, Putin “enfatizou que, para resolver a situação humanitária naquela cidade (Mariupol), os milicianos nacionalistas terão de acabar com a sua resistência e depor as armas”, apontou o Kremlin em um comunicado.
Segundo essa mesma fonte, Putin informou a Macron sobre as “medidas tomadas pelo exército russo para entregar ajuda humanitária de emergência e garantir a evacuação segura dos civis” na Ucrânia.
O Kremlin acrescentou que os dois líderes também falaram das negociações entre Rússia e Ucrânia, assim como da decisão de Moscou de exigir que o gás russo seja pago em rublos. “Concordaram em seguir em contato”, acrescentou o Kremlin.
FONTE: GZH – Zero hora