POLÍCIA / OPERAÇÃO GUAPORÉ Mega refinaria fechada pela PF pode ter ligação com as FARC

A mega refinaria de drogas destruída nesta segunda-feira, 28 de fevereiro, pode ter relação com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). A suspeita é da Polícia Federal, que ressaltou a existência dessa possibilidade devido à presença de um colombiano na refinaria no momento da deflagração da operação. O local – instalado a cerca de 1,8 km da fronteira entre Brasil e Bolívia – foi desmantelado em ação conjunta entre as forças policiais dos dois países.

Além disso, existe a suspeita de que a mega estrutura, de 19 mil m² ao todo, pertença a um colombiano. As informações ainda são preliminares e carecem de mais detalhes para confirmar a suspeita.

Em coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira, 1º de março, o superintendente da Polícia Federal, Sergio Mori, explicou também que existe a suspeita de essa refinaria ser uma grande fornecedora para países da Europa. Com capacidade de refinar até duas toneladas de droga semanalmente, é possível que boa parte desse conteúdo não ficasse no Brasil.

A estimativa da Polícia Federal é que, mensalmente, a refinaria podia produzir até 10 toneladas de cocaína, gerando lucro aproximado de R$ 100 milhões.

MAIS DETALHES
A Operação Guaporé foi deflagrada pela Polícia Boliviana, por meio da Força Especial de Luta Contra o Narcotráfico (Felcn), com o apoio da Polícia Federal, Grupo Especial de Fronteira (Gefron) e do Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer). A ação policial foi deflagrada nesta segunda, numa área próxima à fronteira da Bolívia com o Brasil.

Apesar da mega estrutura, apenas quatro pessoas estavam trabalhando no local: um brasileiro, um colombiano e dois bolivianos. Eles foram encaminhados para a cidade de Santa Cruz de La Sierra, Bolívia, e responderão pela justiça daquele país.

O superintendente Mori explicou que o suspeito de nacionalidade brasileira não será extraditado e responderá pelos crimes na Bolívia, de acordo com as leis de lá. Por estar instalado nas proximidades da fronteira, é possível que os quatro suspeitos respondam por tráfico internacional de drogas.

Sobre haver apenas quatro criminosos no local, a suspeita é de que o período de carnaval tenha contribuído para o esvaziamento do local, além de não haver grandes quantidades de insumos para a produção da droga no momento da operação.

Não há relatos de fuga durante a ação. Do lado de cá da fronteira, os policiais federais fizeram abordagens em pessoas que passavam pela região, mas nada de ilícito foi encontrado.

O LOCAL
A refinaria estava instalada em um local de difícil acesso, em meio à floresta amazônica, totalmente coberto pela copa das árvores, para despistar qualquer suspeita de atividade ilegal no local.

O laboratório contava com um sofisticado sistema de internet via satélite, rádio comunicadores, depósito de combustível e diversas redes. O local também contava com dormitório, televisão, geladeira, fogão e um refeitório.

Também foram encontrados farto material para refino da pasta base, incluindo insumos da mesma natureza daqueles apreendidos em julho do ano passado pela Polícia Civil em Comodoro. Equipamentos para o processo, como destilador e um potente gerador, enterrado no subsolo, também foram encontrados.

Os policiais encontraram ainda uma grande quantidade de cocaína no local. O peso total ainda será informado pela polícia boliviana, mas a Polícia Federal estima que o conteúdo apreendido seja cerca de 160 kg.

A refinaria também contava com duas pistas de pouso, sendo uma delas recém- inaugurada. De difícil acesso, só era possível chegar ao local pelo Rio Guaporé ou pelo Córrego do Espeto.

INVESTIGAÇÕES
A Polícia Federal e o Gefron já investigavam a possibilidade de existir uma refinaria no local há cerca de dois anos, quando começaram a receber denúncias anônimas sobre essa suposta instalação.

Diversas apreensões de drogas já tinham sido realizadas na região, mas foi em julho do ano passado que ela chamou a atenção das forças de inteligência. Naquele mês houve por aquela localidade uma grande quantidade de insumos para a fabricação de pasta base e cloridrato de cocaína.

O fato, somado às denúncias e novas informações sobre a localidade da refinaria e de que toda semana pequenos aviões pousavam ali, contribuiu para o aprofundamento das investigações. Após diversas incursões pelas margens do Rio Guaporé, os policiais encontraram uma pequena estrada que levava até uma barranca no rio. A partir daí surgiu a suspeita de que aquela poderia ser uma rota para a refinaria.

A Polícia Federal então acionou o Adido Policial brasileiro trabalhando em La Paz e este, em contato com a polícia boliviana, arregimentou policiais da Felnc para diligenciarem no local.

Ao mesmo tempo, foram designadas equipes conjuntas da Polícia Federal e do Gefron para se posicionarem na fronteira, às margens do Rio Guaporé, para acompanharem, no lado brasileiro, os resultados da diligência realizada pela Polícia boliviana. Policiais brasileiros e bolivianos passaram a manter contato entre as equipes. O Ciopaer teve participação decisiva no transporte das forças policiais brasileiras, por se tratar de um local de difícil acesso.

A principal hipótese era a de que a pasta base de cocaína vinha até o laboratório de avião, em grandes quantidades, e ali era refinada até se transformar em cloridrato de cocaína (cocaína em pó).

Posteriormente era embalada, atravessava o rio Guaporé com destino ao Brasil, onde era colocada em barcos ou caminhonetes e embarcada para caminhões em Comodoro.

Fonte: Tarley Carvalho/Estadão Mato Grosso

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