Fabricação de sinos: técnica milenar de Minas para mundo
Com fabricação artesanal e tradição italiana, a Fundição Artística de Sinos de Uberaba (Fasu), fundada em 1980, no Bairro Abadia, pelo artesão José Donizetti da Silva, fabrica sinos como há mil anos já eram feitos em países europeus.
O artesão uberabense, hoje com 66 anos, aprendeu a técnica com o imigrante italiano Gíacomo Crespi nos anos 1970, na cidade de São Paulo. Após o falecimento do mestre, o artesão voltou para Uberaba e montou a Fasu. Desde então, ele e sua equipe fabricam os sinos de forma totalmente manual e artesanal. Para serem produzidos, os sinos levam em média de 30 a 40 dias.
A Fasu já comercializou sinos para igrejas e museus de várias partes do Brasil, além de países como Vaticano, Coreia do Sul, Chile, Argentina, Paraguai e Bolívia, entre outros. Em 2016, a empresa foi registrada como patrimônio imaterial de Uberaba.
José William Souza da Silva, filho de José Donizetti da Silva, explica que o trabalho artesanal da Fasu utiliza matérias-primas como madeira, tijolinho à vista, argila de terra massapé, pelo e esterco de cavalo, pó de café, cinza de madeira queimada, água, sebo bovino, cera de abelha e bronze binário, que é composto por 80% de cobre e 20% de estanho.
Produção atual Atualmente, a Fasu está confeccionando um carrilhão com quatro sinos, com o maior pesando 410 quilos, para a igreja matriz da cidade de Campo Largo, no Paraná, além de sinos para o Santuário de Brusque, em Santa Catarina, e para uma igreja de Luizlândia do Oeste, distrito de João Pinheiro, no Norte de Minas. “Hoje, está custando R$ 140 o quilo do sino”, finaliza William.
TEMPO
30 a 40 dias são necessários para a fabricação de um sino
Preço
R$ 140 é o valor cobrado por quilo do sino. Uma peça de 100kg custa R$ 14.000
Exportação
Ós sinos da Fasu já foram vendidos para o Vaticano, Coreia do Sul, Chile, Argentina, Paraguai e Bolívia
Matéria-prima
A técnica utilizada na Fasu usa, entre outros materiais, argila, esterco de cavalo, madeira, sebo bovino e bronze
Conheça as etapas de abricação de um sino na fasu
Acompanhe, passo a passo, com a explicação resumida de William Souza da Silva
O desenho
A primeira etapa é a criação do sino, que é feita numa madeira chamada de ‘chapelona’. É a confecção da fôrma do sino. Essa fôrma é erguida com tijolinhos à vista, o famoso ‘pó de mico’, e com a massa, que é argila, feita com a terra massapé do nosso cerrado, e esterco de cavalo
modelo falso
O próximo passo é a confecção do sino de barro. Futuramente, esse espaço vai ser ocupado pelo bronze. Entretanto, antes dessa etapa do bronze, a ‘chapelona’ feita de madeira é colocada novamente em cima da fôrma. Então, vamos colocar o barro fraco, sem liga, somente a terra massapé e a água, sem o estrume de cavalo, porque depois nós vamos tirar esse barro e trabalhar com a madeira, torneando até que essa parte externa fique com o acabamento todo liso no barro. Em seguida, é a aplicação do sebo bovino em temperatura quente. E trabalhamos ainda com a madeira, girando até que comece a dar os traços de linha do sino
a gravação
Agora, nós tiramos a ‘chapelona’ e está pronto para ser feita a parte de gravação, como as letras e os santos em cera, por exemplo. Depois disso, vem mais uma vez a aplicação de uma argila
altas temperaturas
O próximo passo é o processo com o fogo, que é ateado na fôrma do sino num prazo de 12 a 15 horas. E então, tudo que está em sebo e em cera vai passar para baixo-relevo e de cobertura de gravação
FUSÃO
Com isso pronto, vem a parte da fusão, quando é cortado parte do sino falso, que é a parte da argila fraca e sem o esterco. Nesse espaço é onde o bronze vai ser colocado e o sino finalizado.
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