HOMICÍDIO E FEMINICÍDIO 56% das mortes de mulheres ocorreram nas casas das vítimas
Levantamento é da Gerência de Inteligência Estratégica, da Diretoria de Inteligência da Polícia Civil, que esclareceu 77% dos crimes de homicídios de vítimas femininas
Neste ano, das 78 ocorrências de homicídios de mulheres e de feminicídios registrados pela Polícia Civil (PC), 77% deles foram esclarecidos com 60 autores identificados e 37 deles presos em flagrante ou por mandado de prisão decorrentes das investigações. Entre os casos resolvidos e com autor identificado está o da técnica de enfermagem, Josilaine Maria Gomes dos Reis, 31 anos.
Ela foi morta a facadas dentro de sua casa, no Bairro Nova Esperança, em Cuiabá, na madrugada do 06 de outubro passado. Os golpes de faca foram desferidos pelo ex-marido, de 50 anos, preso logo após o crime pela Polícia Militar (PM), quando tentou tirar a própria vida. Ele foi autuado em flagrante pela PC por homicídio qualificado (feminicídio, recurso que impossibilitou a defesa da vítima e crime cometido na presença dos filhos).
Casos como constam em um estudo feito pela Gerência de Inteligência Estratégica, da Diretoria de Inteligência da PC, que traz ainda dados sobre o principal local e meio empregado nos crimes de homicídios de vítimas femininas, além da apuração sobre solicitação de medidas protetivas.
Conforme o levantamento, 56% das mortes ocorreram nas residências das vítimas. Já o principal meio empregado pelos autores nos crimes foi a arma branca, em 38% dos casos. O emprego desse tipo de arma chama a atenção no levantamento, em função de ser um tipo de objeto presente em todos os lares e que tem reflexos relacionados também à pandemia, em que o isolamento social foi necessário, com as vítimas mais tempo no ambiente doméstico, diferente do meio empregado em anos anteriores, quando a arma de fogo foi o principal instrumento utilizado em homicídios de vítimas femininas.
Conforme informações da assessoria de imprensa da PC, o levantamento da Diretoria de Inteligência revela também que a maior parte das vítimas dos feminicídios ocorridos no ano passado e neste ano nunca havia solicitado medida protetiva, mecanismo previsto na Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) que determina que o agressor deve se manter afastado da vítima.
Dos 48 feminicídios ocorridos em 2020, apenas duas vítimas tinham medida protetiva requerida. Entre os 40 feminicídios registrados até outubro deste ano, apenas cinco mulheres tinham a medida de proteção e 14 delas haviam registrado boletim de ocorrência por alguma situação de violência doméstica.
Também de janeiro a outubro deste ano, a Polícia Civil contabilizou 11.984 requerimentos de medidas protetivas. De acordo com a assessoria, as cidades com os maiores números de solicitações são Cuiabá, Várzea Grande, Rondonópolis, Cáceres e Sorriso.
Fonte: JOANICE DE DEUS/Diário de Cuiabá/Web TV Cidade MT