IMIGRAÇÃO ILEGAL 46 mil brasileiros foram pegos entrando ilegalmente nos EUA em 2021

O número total deste ano já supera em mais de cinco vezes o total de 2020, quando 9.231 imigrantes brasileiros foram detidos.

Nesta semana, uma brasileira morreu ao tentar chegar aos Estados Unidos -  (crédito: Saul Loeb/AFP
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Nesta semana, uma brasileira morreu ao tentar chegar aos Estados Unidos – (crédito: Saul Loeb/AFP )

Uma brasileira foi encontrada morta, na última quarta-feira, no estado do Novo México, nos Estados Unidos. A técnica de enfermagem Lenilda dos Santos, 50 anos, tentava entrar ilegalmente no país, mas, durante a travessia, teria sido abandonada pelos companheiros de viagem e acabou sucumbindo à sede, à fome e ao calor da região desértica.

Segundo pessoas próximas, ela acabara de se separar do marido e resolveu tentar uma nova vida nos EUA. Lenilda tentava entrar no país com três amigos de infância e outra pessoa que os orientaria ao longo do caminho. A travessia começou no dia 6, uma segunda-feira, e, durante o percurso, a brasileira costumava mandar notícias para a família, no Brasil, por meio de mensagens. Porém, em dado momento, a filha percebeu que o celular de Lenilda não estava mudando de localização e que ela havia parado de responder às mensagens.

O irmão de Lenilda, Leci Pereira, em entrevista ao jornal O Globo, disse que, um dos últimos contatos que teve com a família, ela informou que não aguentava mais caminhar e decidiu parar, mas o grupo seguiu em frente e prometeu que voltaria para resgatá-la. Com muita sede e calor, no dia seguinte, ela decidiu caminhar mais um pouco para tentar alcançar os integrantes do grupo, mas conseguiu.

Com a perda do contato, os familiares da brasileira começaram a se preocupar e pediram ajuda para amigos e conhecidos nos Estados Unidos. Kleber Vilanova, que mora em Ohio e atua na área de imigração, reforçou à polícia os pedidos por operações de busca no deserto.

“As pessoas com quem ela estava viajando só pensaram neles próprios. Devem ter pensado que não poderiam chamar a patrulha da fronteira para falar que ela estava lá, porque depois a polícia poderia chegar até eles. Creio que foi esse o pensamento deles, não queriam ser presos”, disse o empreendedor ao jornal O Globo.

“Lenilda tentou atravessar a fronteira ilegalmente no México e estava viajando com alguns conhecidos de infância, supostamente amigos dela. E fontes dizem que ela estava com um “coiote” também. Devido ao calor, ela não aguentou a caminhada”, complementou Kleber. “Pelo telefone, ela enviou áudios terríveis, falando que estava morrendo de sede, que não estava aguentando.

A localização de Lenilda foi difícil, pois ela estava numa região ampla de deserto, com a residência mais próxima a 400 km de distância. Além disso, vestia uma roupa camuflada, para dificultar ser observada. A escolha por visuais assim é comum entre os imigrantes ilegais, segundo a polícia local.

Lecir se disse abalado com o abandono da irmã. “Como se larga um ser humano no deserto sem comida, sem água? Você não tem noção da dor que é isso. É muito difícil”, desabafou. Questionado sobre o caso, o Itamaraty disse que “as repartições consulares brasileiras nos Estados Unidos prestam assistência consular cabível aos brasileiros naquele país, independentemente de sua situação imigratória, e zelam para que seja assegurado a esses cidadãos tratamento digno e respeitoso”.

Recorde

Desde o início do ano, 46.563 brasileiros foram detidos por autoridades americanas após tentar entrar ilegalmente nos Estados Unidos. O número total deste ano já supera em mais de cinco vezes o total de 2020, quando 9.231 imigrantes brasileiros foram detidos.

Fonte: Gabriela Chabalgoity/Bernardo Lima/Correio Brasiliense/Web TV Cidade MT