Na Paulista, Bolsonaro exorta desobediência a Moraes e diz que canalhas nunca irão prendê-lo

Presidente fez do Sete de Setembro uma espécie de tudo ou nada diante de seu isolamento político.

Apoiadores de Jair Bolsonaro na avenida Paulista, em São Paulo

Em discurso diante de milhares de apoiadores nesta terça-feira (7) na avenida Paulista, o presidente Jair Bolsonaro repetiu as ameaças golpistas contra o STF (Supremo Tribunal Federal), exortou desobediência às decisões do ministro Alexandre de Moraes e desafiou quem o investiga. “Digo aos canalhas que nunca serei preso.”

“Nós devemos sim, porque eu falo em nome de vocês, determinar que todos os presos políticos sejam postos em liberdade. Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou.”

“Ou esse ministro se enquadra ou ele pede para sair. Não se pode admitir que uma pessoa apenas, um homem apenas turve a nossa liberdade.”

“Dizer a esse ministro que ele tem tempo ainda para se redimir. Tem tempo ainda de arquivar seus inquéritos. Sai Alexandre de Moraes, deixa de ser canalha, deixa de oprimir o povo brasileiro.”

Assim como tem dito em discursos no interior do país, Bolsonaro disse que as únicas opções para ele são ser preso, ser morto ou a vitória, afirmando na sequência porém que nunca será preso.

“Dizer àqueles que querem me tornar inelegível em Brasília: só Deus me tira de lá.”

“Dizer aos canalhas que eu nunca serei preso. A minha vida pertence a Deus, mas a vitória é de todos nós.”

O presidente chamou Moraes de “canalha” e voltou a atacar o sistema eleitoral brasileiro, em ataque direto ao presidente do TSE, Luís Roberto Barroso. Bolsonaro pediu de novo a implantação do sistema do voto impresso na disputa de 2022, apesar de esse projeto já ter sido derrubado pelo Congresso.

“Não é uma pessoa que vai nos dizer que esse processo é seguro e confiável porque não é”, afirmou. “Não posso participar de uma farsa como essa patrocinada ainda pelo presidente do TSE.”

A atual crise institucional, patrocinada por Bolsonaro, teve início quando o presidente disse que as eleições de 2022 somente seriam realizadas com a implementação do sistema do voto impresso.

Os atos desta terça-feira foram dominados por discursos golpistas do presidente e por faixas, cartazes e gritos autoritários e antidemocráticos de apoiadores. O STF foi o principal alvo, em especial os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, esse último presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Moraes foi o responsável por decisões recentes contra bolsonaristas que ameaçam as instituições. O ministro tem agido a partir de pedidos da PGR (Procuradoria-Geral da República), sob o comando de Augusto Aras, indicado por Bolsonaro, e da Polícia Federal, órgão subordinado ao presidente.

O Sete de Setembro também foi marcado por um factóide do presidente que envolveu STF e Congresso.

Bolsonaro chegou a anunciar uma reunião para esta quarta-feira (8) com os presidente de Supremo, Câmara e Senado, mas assessorias de Luiz Fux, Rodrigo Pacheco (Senado) e Arthur Lira (Câmara) disseram que não há nenhuma previsão de reunião.

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Fonte: Folhapress/São Paulo/Diário de Cuiabá/ Web TV Cidade MT