POLÍCIA / ASSÉDIO Patrão agarra funcionária à força e a demite por ela não ceder ao assédio
A violência e o assédio no ambiente de trabalho é um assunto que também deve ser abordado, pois, segundo pesquisa realizada recentemente pelo Instituto Patrícia Galvão e Locomotiva, violências cotidianas no trabalho ainda não são reconhecidas. Das mais de mil mulheres entrevistadas, 36% das trabalhadoras dizem já haver sofrido preconceito ou abuso por serem mulheres. Porém, quando apresentadas a diversas situações, 76% reconhecem já ter passado por um ou mais episódios de violência e assédio no trabalho.
Veronica Rafaslki, 29 anos disse à reportagem que dos nove meses que trabalhou em uma empresa de cobrança condominial em Cuiabá, por 7 foi assediada verbalmente e fisicamente pelo seu ex-patrão.
“Olha! Mulher não tem um dia de paz. Por muitos meses fui assediada pelo meu patrão, o dono da empresa onde eu trabalhava. Ouvi coisas do tipo “só te contratei porque achava que você era solteira”, “não come muito seu corpo tá ideal”, “não vai engordar mais”… Fora que ele me oferecia dinheiro, presentes e outras coisas. Nunca aceitei e sempre deixei claro que eu era casada e não aceitava esse tipo de situação. Ele sempre insistente, até o dia que ele me agarrou a força, e no mesmo dia fui mandada embora”, disse.
Verônica ainda conta que foi mandada embora sem direito a nem cumprir o aviso e nem voltar na empresa para sequer pegar a carteira de trabalho e nem assinar a rescisão trabalhista.
“Uma colega de trabalho veio aqui em casa para eu poder assinar a minha rescisão e devolver a minha carteira de trabalho. Não sei nem explicar o que senti e o que eu estou sentindo, porque como saí de uma hora para outra da empresa, a sensação que dá é que eu roubei, sabe”, contou a moça.
A psicóloga Maria Aparecida Santos explica que a relação entre assediador e assediado se dá em duas fases. Na primeira, a pessoa ainda não tem consciência que a agressão é direcionada exclusivamente a ela, em um segundo momento, a pessoa se percebe como alvo das atitudes.
A falta do bom senso são a origem da maior parte dos comportamentos abusivos. Isso porque, de acordo com Maria, geralmente o assediador ocupa uma posição superior à da vítima na empresa.
“São pessoas inseguras, que usam da posição hierárquica para sobressair. Eles têm comportamentos arrogantes e exploram o outro nas relações interpessoais”. A psicóloga destaca ainda que a necessidade de se sentir importante perante o assediado também podem estar presentes no assediador.
“Estou fazendo acompanhamento psicológico, nunca tinha passado por nada parecido, e isso causa uma confusão enorme na cabeça. A gente se sente impotente, suja, como se nós fossemos a pessoa errada na história”, contou.
Recentemente foi sancionada a Lei 14.188/21, de autoria da Câmara dos Deputados, que tipificou violência psicológica contra a mulher, com pena de reclusão de seis meses a dois anos, além de multa.
Guia de Combate ao Assédio Moral, Sexual e Virtual no trabalho
O Tribunal de Justiça de Mato Grosso lançou um novo manual de boas práticas em convivência no ambiente de trabalho, o Guia de Combate ao Assédio Moral, Sexual e Virtual no Trabalho.
O guia – de linguagem simples e com ilustrações e direta – foi desenvolvido em formato e-book (livro virtual) e é uma iniciativa da Comissão de Prevenção e Enfrentamento do Assédio Moral e do Assédio Sexual do Segundo Grau de Jurisdição do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) e visa garantir que todos saibam como manter um ambiente de trabalho harmonioso.
Fonte: Mak Lucia/Estadão Mato Grosso/Web TV Cidade MT