Dono de consultoria sediada na Região dos Lagos foi detido em operação que investiga esquema de pirâmide financeira; ele tinha cerca de R$ 20 milhões em casa, na Barra da Tijuca
RIO — Segundo um registro do Ministério do Trabalho, em 2014 Glaidson Acácio dos Santos recebia cerca de R$ 800 mensais com emprego de garçom na Orla Bardot, em Búzios, na Região dos Lagos (RJ). Em alguns anos, a vida dele mudou radicalmente: ele virou um milionário que movimentou mais de R$ 2 bilhões na GAS Consultoria. Em fevereiro deste ano, Glaidson, de 38 anos, fez uma festa de aniversário em em Angra dos Reis com direito a show do cantor João Gabriel. Ele foi preso na manhã desta quarta-feira em condomínio na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, em operação da Polícia Federal (PF) para desarticular uma organização criminosa responsável por fraudes bilionárias envolvendo criptomoedas. Na garagem, Glaidson, que é casado com a venezuelana Mirelis Díaz Zerpa , ostenta carros de luxo. O empresário, entretanto, evita aparecer em público e não é afeito a redes sociais.Na casa de luxo do empresário também foram apreendidos joias, charutos cubanos, relógios de grife, roupas de alto padrão, bebidas importadas, perfumes caros, além de vários apetrechos ligados ao mercado de Bitcoins, incluindo pen drives específicos para as transações financeiras. A policiais que participaram da operação da PF, Glaidson afirmou não ter cometido crime e não ter feito “nada errado”.
Dois meses depois da festança de aniversário, mais de R$ 7 milhões foram apreendidos em uma operação da Polícia Federal. O dinheiro estava em três malas e, segundo as investigações, seria levado para São Paulo por um casal que trabalha para a Gas Consultoria Bitcoin. O montante estava em um helicóptero.
FOTOS: PF PRENDE NO RIO DONO DE EMPRESA DE BITCOIN ENVOLVIDO EM GOLPES BILIONÁRIOS DE PIRÂMIDE FINANCEIRA
Thiago Minagé, que defendeu o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, assumiu a defesa de Glaidson. O ex-presidente da Câmara foi preso na Operação Lava Jato e hoje está solto. Além de defender Cunha, o advogado atualmente faz a defesa da mãe do menino Henry Borel, Monique Medeiros, acusada de participação na morte do menino, no Rio.
Em um depoimento à Polícia Federal, Glaidson negou que trabalhasse com criptomoedas. Ele afirmou que atuava com “inteligência artificial, tecnologia da informação e produção de softwares”. Já para os clientes, o empresário dizia que investia no ramo das criptomoedas havia nove anos.
Segundo investigadores da PF, a empresa de Glaidson Acácio movimentou “cifras bilionárias” em cerca de 10 anos de funcionamento. A GAS estava no radar da Polícia Federal havia dois meses. No entanto, a empresa se disfarçava de consultoria em bitcoins para não levantar suspeitas. Glaidson prometia lucros de 10% ao mês nos investimentos da moeda virtual.
A ciranda financeira na Região dos Lagos veio à tona após a morte do investidor em criptomoedas Wesley Pessano Santarém, de 19 anos, no começo do mês em São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos. O jovem, dias antes de ser morto, revelou em redes sociais que teria sido procurado por Glaidson para comprar sua carteira de clientes, o que este negou. Para a Polícia Civil, a vítima pode ter sido morta por desavenças nas empresas de criptomoedas ou até mesmo queima de arquivo.
Além da GAS Consultoria Bitcoin, outras dez empresas que oferecem investimentos com lucro alto e rápido na cidade são alvo de investigação da Polícia Civil.
Fonte: Rafael Nascimento de Souza/Jornal O Globo/ Web TV Cidade MT