BRASÍLIA — Após novos ataques do presidente Jair Bolsonaro contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou, por meio de nota, que “patriotas são aqueles que unem o Brasil, e não os que querem dividi-lo”. Sem citar nomes, Pacheco também disse que o Congresso “não permitirá retrocessos”.

“O diálogo entre os Poderes é fundamental e não podemos abrir mão dele, jamais. Fechar portas, derrubar pontes, exercer arbitrariamente suas próprias razões são um desserviço ao país. Portanto, é recomendável, nesse momento de crise, mais do que nunca, a busca de consensos e o respeito às diferenças. Patriotas são aqueles que unem o Brasil, e não os que querem dividi-lo”, escreveu Pacheco nas redes sociais.

Em seguida, ele declarou que “os avanços democráticos conquistados têm a vigorosa vigilância do Congresso, que não permitirá retrocessos”.

No sábado, Bolsonaro anunciou que iria pedir ao Senado a abertura de processos de impeachment contra os ministros do Supremo Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso. Os ataques foram feitos no momento em que o presidente da República é alvo de quatro inquéritos no  STF e um no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por interferência na Polícia Federal, escândalo da Covaxin, ataques à urna eletrônica e vazamento de inquérito sigiloso da PF. A aliados, Pacheco já sinalizou que não dará andamento aos pedidos, caso eles sejam de fato apresentados por Bolsonaro. O processo só pode seguir se o presidente do Senado fizer a leitura do documento em plenário. Do contrário, ficará na gaveta juntos aos outros 17 pedidos que miram ministros da Corte atualmente.

“De há muito, os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, extrapolam com atos os limites constitucionais. Na próxima semana, levarei ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, um pedido para que instaure um processo sobre ambos, de acordo com o art. 52 da Constituição Federal”, escreveu Bolsonaro no último final de semana.

Um grupo de auxiliares, no entanto, vem tentando demover o presidente da ideia. Parlamentares aliados e o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, compõem este grupo.

Mais cedo, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), se manifestou em defesa da “harmonia e independência” entre poderes.

“O Brasil sempre terá no presidente da Câmara dos Deputados um ferrenho defensor constitucional da harmonia e independência entre os Poderes”, disse Lira.

O deputado acrescentou ainda que a casa legislativa é “vigilante” e acompanha os desdobramentos do choque entre Executivo e Judiciário.

“Vigilante e soberana, a Câmara avança nas reformas, como a tributária que votaremos nessa semana, na certeza de que o país precisa de mais trabalho e menos confusão”, registrou o parlamentar.

Fonte: Julia Lindner/Jornal O Globo