POLÍTICA / REDE DE MENTIRAS MP pede investigação contra Medeiros por espalhar mentiras contra a urna eletrônica
Deputado usou parecer do MP que aponta suspeita de fraude no boletim impresso pela urna para defender a impressão dos votos
O Ministério Público Estadual (MPMT) pediu à Procuradoria-Geral da República (PGR) uma investigação contra o deputado federal José Medeiros (Podemos) por deturpar um parecer do órgão ministerial para espalhar mentiras contra a urna eletrônica por meio das redes sociais. Em nota emitida nesta quinta-feira (12), o MP aponta que Medeiros distorceu uma manifestação da instituição em procedimento investigatório sobre a eleição da Associação Beneficente de Saúde dos Militares de Mato Grosso (Hospital Militar), com o objetivo de confundir a opinião pública.
Seguidor e fã do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o deputado federal sempre tenta emplacar junto à sociedade as ideias defendidas pelo presidente. Assim aconteceu com a pauta do voto impresso, que foi rejeitada pela Câmara dos Deputados.
Segundo o Ministério Público, com o objetivo de questionar a segurança das urnas eletrônicas, Medeiros distorceu um parecer do órgão que apontava para a suposta manipulação de um boletim de urna na eleição do Hospital Militar. O MP ressaltou que não houve qualquer suspeita de problemas na urna eletrônica, mas sim na manipulação de um comprovante impresso para auditoria do resultado.
“De acordo com os autos (Nº 1000130-29.2021.811.0042), que se encontram em segredo de justiça e que a pedido do MP foram declinados da Justiça Militar para a Justiça Comum, foram feitas denúncias de que boletins de urna falsos teriam sido produzidos com o objetivo de fraudar o resultado da eleição da entidade, NÃO TENDO SIDO LEVANTADA QUALQUER SUSPEITA DE PROBLEMAS NO REGULAR FUNCIONAMENTO DA URNA ELETRÔNICA CEDIDA PELA JUSTIÇA ELEITORAL E UTILIZADA NO REFERIDO PLEITO”, diz a nota.
O MP acrescenta que os documentos foram utilizados pelo deputado bolsonarista de forma criminosa, pois ele teria tentado convencer a população de que o parecer ministerial era relativo a uma eleição parlamentar, quando, em verdade, se tratava do pleito de uma entidade associativa.
Diante disso, o Ministério Público pediu à PGR e à Comissão de Ética da Câmara dos Deputados que investiguem a atuação do deputado e prossigam com a devida responsabilização criminal.
IRONIA – O parecer do MP aponta a possível fraude em um boletim que é impresso pela urna eletrônica para auditagem da votação. Curiosamente, o deputado usou esse documento para defender a impressão de um comprovante de voto, justamente o que pode ter sido fraudado na eleição do Hospital Militar.
Especialistas apontam que a impressão de comprovantes de votação abre margem para outras fraudes eleitorais. Além do chamado ‘voto de cabresto’, existe a possibilidade de fraude nos comprovantes de voto. Ou seja, seria utilizado um meio menos seguro para dar ‘tirar a prova’ de um sistema mais seguro.
Fonte: Jefferson Oliveira/Estadão Mato Grosso