Olimpíada de Tóquio: Mulheres brasileiras conquistam melhor resultado da história

As atletas brasileiras brilharam em Tóquio, fechando os Jogos com o melhor desempenho até agora em todas as Olimpíadas de que participaram.

Rebeca Andrade sorrindo e fazendo sorrir com as duas medalhas que vai levar para a casa. Rayssa Leal com sua primeira, de prata, aos 13 anos. Ana Marcela Cunha com o ouro tão sonhado há tempos. Bia Ferreira conseguindo uma prata inédita no boxe.

As atletas brasileiras brilharam em Tóquio, fechando os Jogos com o melhor desempenho até agora em todas as Olimpíadas de que participaram. Elas subiram ao pódio em Tóquio nove vezes, ante cinco vezes no Rio, em 2016. O maior número até agora havia sido em Pequim, nos jogos de 2008, quando levaram sete medalhas para casa.

Kahena Kunze e Martine Grael

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Kahena Kunze e Martine Grael ganharam ouro pela segunda vez

E também levaram a maior quantidade de medalhas de ouro para casa: três.

A ginasta Rebeca Andrade, de 22 anos, levou a medalha de ouro na disputa de salto. Martine Grael, de 30 anos, e Kahena Kunze, também de 30, conquistaram o bicampeonato olímpico na vela. A nadadora Ana Marcela Cunha, de 29 anos, finalmente colocou a medalha olímpica de ouro ao lado das várias medalhas de campeonatos mundiais que já tinha.

Ana Marcela morde medalha de ouro

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Colecionadora de medalhas em campeonatos mundiais, Ana Marcela levou ouro na maratona aquática na Olimpíada de Tóquio

No Rio (2016), Londres (2012) e Pequim (2008), as atletas mulheres haviam conquistado sempre duas medalhas de ouro. Em Pequim, com Mauren Maggi no salto e o vôlei feminino, foram mais ouros que os homens, que levaram apenas um, com o nadador Cesar Cielo.

Em Atenas (2004) e Sidney (2000), as mulheres não viram uma medalha dourada. E em Atlanta (1996), primeira vez que subiram ao pódio, levaram uma medalha de ouro – foi no vôlei de praia feminino, com Jackie Silva e Sandra Pires.

O desempenho das mulheres brasileiras não foi excelente só em números absolutos.

Em relação ao total de ouros que o Brasil leva para casa, as mulheres também se saíram muito bem: 3 das 7 medalhas douradas obtidas pelo Brasil em Tóquio.

E se considerarmos a proporção entre o total de medalhas que o Brasil leva para casa e o total amealhado por mulheres, o desempenho delas também foi o melhor até agora.

Das 21 medalhas com as quais o Brasil volta para casa, 9 foram conquistadas por mulheres ou equipes de mulheres. Esse número representa 41% do total.

As novas modalidades, como surfe e skate, engordaram o número total de medalhas que o Brasil conquistou. E Rayssa Leal, a skatista de apenas 13 anos, contribuiu para o ótimo desempenho das mulheres, subindo ao pódio em segundo lugar.

Rayssa Leal

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Com 13 anos e 203 dias de idade, Rayssa Leal ganhou prata no skate street olímpico

Rebeca Andrade levou também uma medalha de prata para casa. Luisa Stefani, de 23 anos, e Laura Pigossi, de 27 anos, fizeram história no tênis brasileiro olímpico, conquistando uma medalha de bronze inédita para o Brasil.

Mayra Aguiar, de 30 anos, também conquistou o bronze no judô, tornando-se a primeira brasileira a conquistar três medalhas olímpicas em um esporte individual.

No penúltimo dia de Olimpíada, a boxeadora Bia Ferreira se tornou a primeira brasileira a chegar a uma final da modalidade, obtendo uma medalha de prata. A seleção feminina de vôlei também ganhou uma prata, ao ser derrotada pela seleção americana na final.

Mayra Aguiar

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Mayra Aguar ganhou bronze em Tóquio 2021, repetindo o que havia feito nas últimas duas olimpíadas

De uma mulher a mais de 100

A história das mulheres brasileiras nas Olimpíadas começa em 1932, 12 anos depois da estreia do Brasil nos Jogos. Os jogos aconteceram em Los Angeles, nos Estados Unidos. Na época, apenas uma mulher participou. Os homens eram 66.

Aos 17 anos, a paulista Maria Lenk foi a primeira mulher do continente sul-americano a disputar uma edição dos Jogos. Depois de um mês de viagem de navio com a delegação brasileira, ela nadou três provas: 100m livre, 100m costas e 200m peito.

O número de mulheres pulou para 6 nos jogos de Berlim, em 1936. Depois, foi para 11 em Londres, em 1948, mas apenas 5 em Helsinque, em 1952. Durante três Olimpíadas, de 1956 a 1964, novamente, apenas uma mulher participou.

O número só voltou para dois dígitos em 1980, na edição de Moscou, com 15 mulheres (ante 94 homens). E veio crescendo desde então.

Mas foi só em 1996, em Atlanta, quando 66 mulheres brasileiras foram disputar os Jogos, que elas subiram ao pódio pela primeira vez. Na época, representavam 29% do total de atletas. E levaram 4 das 15 medalhas, 26% do total.

Seleção feminina de vôlei

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Seleção feminina de vôlei fez ótima trajetória nos jogos olímpicos

Além do ouro no vôlei de praia, outra dupla, Adriana Samuel e Mônica Rodrigues conquistaram prata no vôlei de praia. O time de basquete feminino, com Hortência, também levou a medalha de prata. A equipe de vôlei de quadra levou o bronze.

Quatro anos depois, o número de mulheres brasileiras participantes das Olimpíadas aumentou consideravelmente. A partir das Olimpíadas de Sidney, em 2000, as mulheres sempre participariam representando mais de 40% do total.

Foram quase uma centena em Sidney. Naquele ano, viajaram para a Austrália 111 homens e 94 mulheres (46% do total). Elas abocanharam 4 das 12 medalhas vencidas pelo Brasil naquele ano, ou 33%.

Nos Jogos de Atenas em 2004, elas representaram quase metade dos atletas brasileiros: 125 homens e 122 mulheres (49%). Já no quadro de medalhas, conquistaram apenas 2 das 10 (20%).

Em Pequim, quatro anos depois, elas melhoraram o desempenho. Representando 48% do total (133 mulheres e 144 homens), conquistaram 7 de 17 medalhas, ou 41%.

Nos Jogos de Londres em 2012, tiveram desempenho semelhante. Ali, com 123 mulheres (47% do total), as atletas foram responsáveis por 6 das 17 medalhas (35%) do Brasil.

Até chegar no Rio em 2016, edição em que o Brasil teve o maior número de atletas participando dos jogos. Foram 209 mulheres, ou 45% do total de 465. As mulheres levaram 5 das 19 medalhas brasileiras, ou 26%.

Fonte: Juliana Gragnani – Da BBC News Brasil em Londres/Corrêio Brasiliense

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