Rayssa Leal chegou a rejeitar o apelido de “Fadinha”, alcunha pela qual se tornou conhecida em todo o Brasil às vésperas da Olimpíada de 2021. O jornalista Felipe Andreoli, que revelou a história em sua conta no Instagram, lembrou ter ouvido da skatista que, com a adolescência batendo à porta, ela preferia não ser mais conhecida pelo apelido de infância, que parecia não combinar com uma atleta profissional.

Só parecia. Em Tóquio, quando poderia pleitear um nome de super-heroína – talvez algo como “Skatista Prateada”, para fazer jus à medalha conquistada na modalidade street na madrugada desta segunda-feira –, Rayssa fez as pazes com o “Fadinha”.

Assim ela entra no panteão do esporte brasileiro: como a mais jovem medalhista do país em Olimpíadas, aos 13 anos; como a primeira mulher brasileira a subir ao pódio no skate; e como protagonista de uma história que, de conto de fadas, só tem mesmo o final feliz.

Rayssa Leal viralizou como "fadinha do skate" quando tinha 7 anos Foto: Divulgação
Rayssa Leal viralizou como “fadinha do skate” quando tinha 7 anos Foto: Divulgação

O apelido de “Fadinha” veio aos 7 anos, quando viralizou nas redes sociais um vídeo em que Rayssa, fantasiada de fada, fazia manobras com seu skate em Imperatriz, no sul do Maranhão. O vídeo foi compartilhado por uma lenda do skate, o americano Tony Hawk, e ganhou o mundo.

Segundo Andreoli, Rayssa chegou a pedir para que não fosse mais chamada de “fadinha”. Perto da Olimpíada, mudou de ideia ao ver que o apelido tinha caído nas graças da torcida, empolgada com a participação de uma atleta tão jovem e talentosa, que parecia fazer manobras complicadas para qualquer adulto como num passe de mágica.

Em suas redes sociais, nas quais é muito ativa, Rayssa passou a brincar com o próprio apelido e “liberou” seu uso. Virou “Fadinha” de vez. Tony Hawk, que tinha compartilhado aquele vídeo lá atrás, esbarrou com Rayssa de novo em Tóquio e foi chamado de “Tonizinho” pela skatista maranhense. Cada qual com seu apelido.

Horas antes de disputar a final olímpica, Rayssa publicou em seu Instagram um vídeo com uma retrospectiva de momentos marcantes em sua carreira. Chama a atenção logo no início a voz de criança, tornando ainda mais impressionante a complexidade das manobras que vêm a seguir.

O senso comum diz que crianças, por serem menores e mais leves e terem o centro de gravidade mais baixo, teriam mais aptidão para o skate. A explicação técnica, no entanto, concilia o talento natural com outro elemento fundamental: trabalho. Segundo a física Yung Tae Kim, o que conta em casos como o de Rayssa é começar bem cedo no esporte, e ir se aperfeiçoando desde sempre.

Fonte: Bernardo Mello/Jornal Globo