Hortas urbanas e a importância delas para as cidades e a alimentação

Mônica Picavêa, especialista em sustentabilidade, fala um pouco sobre como a agricultura urbana pode melhorar o espaço social e a alimentação individual dos cidadãos.

Em junho, comemora-se o Mês do Meio Ambiente e somos levados com mais facilidade a pensar sobre a conexão entre sustentabilidade e preservação ambiental. Há mais de 20 anos nesse segmento, percebo que, muitas vezes, entendemos o meio ambiente como a praia para qual viajamos, a mata que está na cidade serrana, onde fica aquele hotel ótimo para relaxar ou como a Amazônia, essa floresta tão importante que queremos que fique em pé, mas que a maioria de nós nunca vai conhecer presencialmente. Mas o fato é que o meio ambiente diz respeito a todos os elementos vivos e não-vivos e à forma como estamos todos inter-relacionados.

Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), 50% da população mundial vive em cidades. Até 2050, seremos 70% em centros urbanos. Isso quer dizer que a preservação ambiental passa fundamentalmente pelas cidades. A forma como nos relacionamos com a natureza, a maneira que consumimos, onde e como moramos, e até as escolhas que fazemos ao nos alimentarmos têm impacto nesse sistema complexo e intrincado.

Segundo pesquisa do Instituto Escolhas, o aproveitamento de espaços na Grande São Paulo com hortas urbanas poderia alimentar mais de 20 milhões de pessoas e gerar mais de 180 mil empregos (Foto: Freepik / CreativeCommons)
Segundo pesquisa do Instituto Escolhas, o aproveitamento de espaços na Grande São Paulo com hortas urbanas poderia alimentar mais de 20 milhões de pessoas e gerar mais de 180 mil empregos (Foto: Freepik / CreativeCommons)

agricultura urbana responde em parte a esses desafios. Hortas plantadas nas cidades – em telhados de prédios, em terrenos sem uso ou em condomínios horizontais – que abastecem moradores com legumes e verduras. Elas garantem segurança alimentar, saúde e acesso a pessoas de diferentes regiões e de variados perfis. Os benefícios são múltiplos e os impactos positivos são enormes.

No Instituto Artesano para o Desenvolvimento Sustentável, costumamos dizer que cultivar a própria comida é um ato revolucionário e evolucionário. Do ponto de vista do indivíduo, a percepção sobre o alimento é alterada, aumentando a consciência sobre as próprias escolhas. Do ponto de vista social, a cadeia de distribuição é reduzida, diminuindo o desperdício com traslados, onde são perdidos cerca de 30% dos alimentos, a emissão de gás carbônico proveniente do transporte e, consequentemente, contribuindo para o combate às mudanças climáticas.

Horta comunitária do Centro Cultural de São Paulo (Foto: Pop Lopes Fotografia/Divulgação)
Horta comunitária do Centro Cultural de São Paulo (Foto: Pop Lopes Fotografia / Divulgação)

Segundo pesquisa do Instituto Escolhas, o aproveitamento de espaços na Grande São Paulo com hortas urbanas poderia alimentar mais de 20 milhões de pessoas e gerar mais de 180 mil empregos. É um ciclo perfeito de preservação ambiental, segurança alimentar e geração de renda. Um exemplo exitoso vem do Canadá. Durante a pandemia da Covid-19, a Prefeitura de Victória incentivou os moradores a cultivarem suas próprias hortas, dando cursos e distribuindo mais de 75 mil mudas de 17 espécies de vegetais.

Por isso, quando falamos em meio ambiente, precisamos pensar em desenvolvimento urbano, devemos planejar as cidades em que moramos para conservar e ampliar a biodiversidade como um todo. O chamado “novo urbanismo” deve conectar-se às soluções baseadas na natureza, alinhar-se às melhores práticas de ESG (do inglês, Environmental, Social and Governance) e buscar, no caso dos empreendimentos imobiliários, olhar para esse horizonte de possibilidade, atendendo cidadãos que valorizam cada vez mais ver seus filhos ligados ao próprio alimento, aprendendo a plantar e a colher no “quintal de casa”.

Fonte: MÔNICA PICAVÊA/Jornal Globo/WEB TV Cidade mT

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