Nuvens brilhantes captadas por Curiosity em Marte intrigam cientistas
Situadas em maior altitude que outras nuvens e formadas em época do ano incomum, formações provavelmente são compostas por CO2 congelado, segundo laboratório da Nasa.
Dias nublados são raros na atmosfera seca e fina de Marte. O mais comum é que nuvens se formem na região equatorial do Planeta Vermelho, na época mais fria do ano. Mas, um ano marciano atrás (dois anos terrestres, em 2019), cientistas da Nasa notaram formações nebulosas sobre a sonda Curiosity antes do esperado.
Em 2021, a equipe decidiu monitorar as nuvens inusitadas assim que elas começaram a aparecer, no fim de janeiro. E as imagens dos registros feitos pelo rover foram divulgadas pelo Laboratório de Propulsão a Jato (JPL), da agência espacial norte-americana, nesta sexta-feira (28). As fotos mostram pequenas nuvens cheias de cristais de gelo que refletem a luz solar, algumas em cores diferentes.
Esses cliques vão ajudar os pesquisadores a estudar a formação de nuvens em Marte e por que elas ocorrem em certas partes do ano. A primeira descoberta da equipe por trás do Curiosity já foi feita: essas nuvens estão em maiores altitudes do que o comum no planeta. Em geral, nuvens marcianas não ultrapassam 60 quilômetros e são compostas de gelo. As novas nuvens, porém, por estarem mais “altas”, provavelmente são feitas de dióxido de carbono (CO2) congelado.
As imagens em preto e branco feitas pelo Curiosity permitem observar melhor a estrutura dessas nuvens, mas é nas imagens coloridas que elas brilham — literalmente. Vistas logo após o pôr do sol, seus cristais de gelo captam a luz fraca, fazendo com que pareçam brilhar contra o céu já escurecido.
Ainda mais impressionantes são as nuvens iridescentes, também chamadas de “madrepérola”. “Se você vir uma nuvem com um conjunto de cores pastel cintilantes, é porque suas partículas são quase idênticas em tamanho”, explica Mark Lemmon, cientista atmosférico do Instituto de Ciência Espacial em Boulder, no Colorado (EUA). “Isso geralmente acontece logo depois que as nuvens se formaram e todas cresceram na mesma taxa”, pontua, em comunicado divulgado pelo JPL.
Segundo Lemmon, se alguém estivesse ao lado da sonda marciana, poderia ver as nuvens a olho nu, embora meio desbotadas. “Sempre fico maravilhado com as cores que aparecem: vermelho, verde, azul e roxo”, comenta o cientista. “É muito legal ver algo brilhando com muitas cores em Marte.”