É SEMANA DO ANIVERSÁRIO DE EMANCIPAÇÃO DE TANGARÁ DA SERRA
UM AGRADÁVEL RETORNO AO PASSADO – O PLEBISCITO – O crescente movimento em prol a emancipação de Tangará ganhou forças, com nosso representante na Assembleia Legislativa, bem como com o governador do Estado José Garcia Neto (1922-2009) um engenheiro civil, colocado pelo Regime Militar, que era amigo pessoal do deputado José Amando Barbosa Neto.
A legislação da época exigia que os munícipes, aptos a votar, da área desmembrada se manifestassem, diferentemente do dais atuais que exige a manifestação tanto dos eleitores da área a ser desmembrada como de todo o município. Quando o Tribunal Regional Eleitoral determinou o plebiscito, juiz eleitoral do Município de Barra do Bugres Dr. Antônio Bittar Filho, me convidou para contribuir gratuitamente no pleito nomeando-me para ser observador da Justiça Eleitoral e, membro da junta apuradora dos votos, que foi publicado no diário da justiça da época.
O Dr. Antônio Bittar, também me encarregou para organizar o transporte gratuito da zona rural para a cidade para o plebiscito. Entrei em contato com as principais lideranças, e foi impressionante a adesão à maioria colocou seus jipes, suas camionetes, seus fuscas, seus caminhões de graça, para trazerem os eleitores de todos os lugares de nossa região. Na época, maioria absoluta dos eleitores de Tangará, moravam na Zona Rural, eram do Pé de Galinha, da 12, do Bandeirantes, da Água Branca, do Bezerro Vermelho, da Boa Vista, do São José, do Joaquim do Boch, do Progresso, das Pedrinhas, do São Jorge, dos Goianos, da Triângulo, do Corta Vara 1 do Corta Vara 2, do bar do Otacílio no entroncamento com a BR 364, na época onde moravam nossos eleitores, entre outros lugares.
O que tocava, movia e diferenciava Tangará era a Zona Rural, e o grito de independência ecoava em cada coração de cada habitante destes lugares, das crianças, aos jovens, dos adultos e aos idosos, era uníssono o desejo de emancipação.
O Dr. Antonio Bittar nomeou para presidentes das sessões eleitorais em nossa Tangará, moradores de Barra do Bugres, mas todos os outros mesários eram natos de Tangará, não nascidos aqui, mas com o coração pulsando por esta cidade.
Para cada local onde houvesse aglomeração de sessões, três ou mais sessões, como nos cinemas Alvorada, Esplanada, Colégio 29 de Novembro, a escola que tinha onde é hoje a Praça da Bíblia e, outros locais, tinha um coordenador para ajudar a resolver eventuais problemas, e encaminhar os eleitores para sessões de votação.
Imaginem o “piseiro” que foi no dia do plebiscito, caminhões, jipes, camionetes, gente a cavalo, de carrocinha chegando cedo para votar, a ansiedade era tanta, todos irmanados e empolgados por conseguirem essa conquista.
Um detalhe importante, para se votar naquela época, tinha todo um ritual, uma burocracia, o Titulo de Eleitor era com foto, assinada pelo Juiz Eleitoral e pelo Eleitor, e necessariamente, em cada votação o Presidente da sessão tinha que assinar do verso do mesmo, existia a folha de votação 1, folha de votação 2. O voto era impresso, obrigatoriamente o eleitor, tinha que leva-la até a cabine eleitoral, marcar com um X o SIM ou o NÃO, e depois coloca-lo na urna. Muitos eleitores tenham dificuldade inclusive de assinar seus próprios nomes, mas isso não os impediram de irem exercer este ato, para a época de suprema cidadania para nos tornarmos de uma vez por todas município.
Lembro-me de um fato pitoresco, e que vale a pena ser lembrado. O coordenador das 5 sessões eleitorais do Cine Teatro Alvorada, foi o pároco da época, Padre Edgar, muito jeitoso, muito carismático, muito amável, conduziu tão bem, mas tão bem, que depois quando fomos apurar os votos, todos votaram. Se uma urna tinha 305 eleitores, conseguiu a proeza de termos 305 votos na urna, sem nenhuma abstenção, até dos falecidos os votos apareceram e votaram, uma façanha, um milagre.
Esta é a historia pitoresca, que lembro e me divirto contanto, pois, essas coisas aconteceram e na época não pareceu tão divertido mais hoje me pergunto como pode ter acontecido isto. Brinquei muito com o Padre Edgar, no dia em que recebeu o título de cidadão tangaraense na Câmara Municipal, em minha fala na tribuna contei o episódio e todos os presentes inclusive o padre, demos boas gargalhadas relembrando deste. e de outros episódios.
Foram momentos inesquecíveis… Motivo muita alegria e comemoração, pois foi uma grande conquista, que para época, foi o divisor de águas para consolidar esta querida e esplendorosa TANGARÁ DA SERRA que tanto nos orgulha hoje.
Amanhã iremos relembrar as primeiras eleições para eleger os gestores e os legisladores de nosso município.