Clima ameaça produtividade da segunda safra.
Quase 30% do plantio da segunda safra de milho em Mato Grosso estão sob risco de perda. Produtores já calculam uma queda de até um quarto de produtividade dos grãos semeados fora da janela favorável, entre início de janeiro e fim de fevereiro. Até o dia 12 de março, o plantio alcançou 88,32% das áreas destinadas ao cultivo no estado. O resultado revela um atraso de 9,17 p.p. em relação à média dos últimos cinco anos e de 11,33 p.p. ante a safra 19/20. Os dados são do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Na última semana a semeadura de milho no estado registrou um salto de 15,30 p.p. ante a semana anterior e conseguiu atingir 88,32% das áreas previstas. Entretanto, os grãos que foram plantados em março podem resultar em prejuízos aos produtores.
“O impacto é na produtividade. Estamos acompanhando o restante dessa semeadura, que não finalizou na janela ideal – até o fim de fevereiro. Então, tudo que for semeado depois desse período, o risco climático aumenta por conta de faltar tempo de desenvolvimento junto as chuvas no estado”, explica Cleiton Gauer, analista do Imea.
A temporada do milho iniciou com atrasos devido as irregularidades climáticas, que causam prejuízos desde o plantio da primeira safra de soja, no ano passado. Na metade deste mês de março, os sojicultores ainda faziam a colheita da soja, que até o dia 12 tinha alcançado 80,16% do total das áreas mato-grossenses. Ela continua atrasada em 16,70 p.p. em relação à safra passada.
O plantio tornou-se arriscado para os agricultores, quando os trabalhos nos campos estavam com apenas 73,03% das áreas esperadas concluídas, até o dia 5 de março. Até o último dia 12, a primeira fase da safra 2020/21 do milho atingia os 88,32% de áreas cultivadas, um desempenho de 24,95p.p. atrás da safra anterior, quando a semeadura era de 97,98%.
Com o fim da janela favorável para a cultura, os produtores que ainda estavam com as sementes estocadas precisaram refazer os cálculos para mitigar as perdas na margem do lucro. “Ficaram divididos entre: não semear as áreas totais planejadas – visto que a janela se encontra aproximadamente 30% em atraso – ou a possibilidade de “arriscar” o plantio, em razão dos altos patamares de preços praticados pelo cereal”, destacou o Imea.
Passada a 1ª quinzena de março, quem decidiu arriscar ainda enfrenta problemas dentro das lavouras. A chuva, fundamental para a germinação das sementes, compromete os trabalhos das máquinas. Para concluir esta fase, o plantio nos campos ocorre dia e noite, quando a chuva dá trégua.
Valorização
Apesar das dificuldades registradas nesta segunda safra, o cenário aponta melhores retornos financeiros aos agricultores nas negociações do cereal. Segundo o instituto mato-grossense, a valorização do milho reflete fatores como: as incertezas criadas pelo fator climático; os atrasos na colheita e na semeadura dos países latino-americanos; e aumento das estimativas de produção, pela Conab, no Brasil.
No caso do dólar, por exemplo, a moeda americana teve alta de 4,43% entre 1° de julho de 2020 a 12 março de 2021.
“É comum em Mato Grosso a elevação dos preços no período de entressafra do milho, devido à menor disponibilidade de grãos para o comércio. Assim, foi observado que as cotações disponíveis no estado aumentaram 115,49% desde o início da safra 19/20 (01 de julho de 2020), e atingiram na última sexta-feira R$ 68,87/sc”, avalia o Imea.
Já para o milho desta temporada (20/21), os preços também atingiram altos patamares, chegando a uma média de R$ 58,64/sc. “Desse modo, os agricultores do estado têm um incentivo a mais para fechar negócios para a safra futura, entretanto, devido às incertezas na semeadura, que se encontra como uma das mais atrasadas da história, a tendência é que as negociações não movam grandes volumes até a definição da safra”, pondera o instituto de pesquisa.
Jornal Estadão Mt/Web Tv Cidade Mt