GLEBA TRIÂNGULO, A EPOPEIA DE UM POVO

Queremos registrar a epopeia das famílias que escreveram a história da Gleba Triângulo desde: (1) a abertura e derrubada das matas daquela rica região; (2) da revolta e da fixação dos agricultores naquela região; (3) ações para desapropriação das terras, quando o saudoso Dante de Oliveira exercia o cargo de Ministro da Reforma e do Desenvolvimento Agrário; (4) a situação atual da Gleba Triângulo (4).

 

Parte 1

Olhado para as águas do Rio Sepotuba/MT, se tornaram turvas, de cor avermelhada, me veio à tona, que o motivo, foi a chuva mais intensa no rio do Sangue, que nasce na Gleba Triângulo e, desagua no Rio Sepotuba. Despertou-me a lembrança da saga daquele povo que abriu, desbravou, povoou e, muitos ainda residem lá.

 

Nos idos dos anos oitenta, fervilhavam em Tangará da Serra um número muito grande de famílias de agricultores em busca de oportunidades para trabalhar, e assentar suas proles. Por outro lado havia interesse dos grandes proprietários de fazendas em abri-las, isto é, derrubar a mata e, plantar pasto. E, a forma mais adequada era a contratação de pequenos agricultores que por conta própria derrubassem as matas, queimassem e plantassem, em percentagem do que colhiam nestas terras. Geralmente, os contratos eram por quatro anos, e depois, eram obrigados a plantar capim colonião, capim este que era o preferido na época pelos grandes fazendeiros, e entregar a eles a terra pronta.

 

Existiam inúmeros “gatos”, que recrutavam estes os agricultores, a mando dos donos das terras, os faziam assinar contratos. Forneciam os mantimentos básicos (alimentos) para sustentar a família dando condições mínimas de sobrevivência, para os trabalhos a serem realizados bem como sementes para o plantio com a produção de grãos (arroz, milho, feijão), sendo que eles ficavam com um percentual e, tinham que entregar o resto da produção para os donos das terras.

 

Desta forma, centenas e centenas de famílias de agricultores, se embrenhavam na mata para abrir suas roças, sob as mais terríveis intempéries, como a malária, leishmaniose (também chamada de manhosa, uma doença transmitida por picada de mosquitos infectados), e todas as outras doenças tropicais.  E, assim as localidades de Corta Vara 1, Corta Vara 2, Pedrinhas, Goianos, Mineiros, Triângulo foram desbravadas e erguidas por estes heróis da agricultura familiar.

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